27 de setembro de 2014

Resenha do Filme: MALÉVOLA


A atriz Angelina Jolie ornada com par de chifres e asas, inundado de tecnologia de ponta, subvertendo a ideia central da narrativa, Malévola é mais um desses filmes de fantasia a atualizar um conto de fadas popular. No caso, aqui, o da bela adormecida, adaptado pela Disney pela primeira vez em 1959. A seu favor, o diretor de arte e supervisor de efeitos especiais, duas vezes ganhador do Oscar, Robert Stromberg, estreando na direção, entrega um produto enxuto e pontual. Malévola não soa tão pretensioso e histriônico quanto Alice (2005), de Tim Burton, ou mesmo megalomaníaco como Oz: Mágico e Poderoso (2012), de Sam Raimi. Não que os dois últimos sejam necessariamente ruins.

Foto: Divulgação
Carregando também elementos comuns aos filmes de fantasia mais recente - principalmente o da saga do Senhor dos Anéis, influência recorrente em diversas produções -, Malévola coloca seres fantásticos em conflito com humanos. A personagem-título é uma fada responsável pela guarda da floresta, habitada por uma gama de seres, vizinha do reino local. Tal embate é deflagrado quando Malévola (Angelina Jolie), ainda jovem, é traída por quem acreditava ser o seu grande amor, Stefan (Sharlto Copley). Na verdade, Stefan aspirava à mão da princesa e ainda que tivesse sentimentos nobres pela fada, preferiu troca-los pelo trono.Malévola também incide sobre a temática do poder que corrompe.

Possessa pelo ódio, a fada, agora com aparência de bruxa e aliada a um corvo, Diaval (Sam Riley), que transforma a bel prazer na criatura que desejar, impõe uma cruel maldição na pequena Aurora (mais tarde interpretada por Elle Fanning), então filha recém-nascida do agora Rei Stefan. Como no clássico de 1959, a princesa ao completar dezesseis anos espetará o dedo na agulha de uma roca e cairá no sono da morte, somente podendo acordar com o beijo de um amor verdadeiro. E nos anos que se passam, escondida aos cuidados de três fadas trapalhonas (Lesley ManvilleJuno Temple e Imelda Staunton, todas as três sub-utilizadas), Aurora não vai deixar de ser observada por Malévola.

Ainda que tateie apenas a superfície em muitas questões, Malévola exprime com alguma eficiência os conflitos internos da protagonista. O misto de ódio e amor que habita a fada e como paixão pode conduzir ao mal e vice-versa. E se Jolie não está no seu melhor momento - penso que ela é o tipo de atriz que tem dificuldade de sumir dentro de um personagem -, também não está apática e parece se divertir. Do mesmo modo que seus filmes irmãosValente (2012) e Frozen (2013), Malévola têm verniz feminista, da mulher forte que nega o amor idealizado. Entretanto, creio que a síntese da obra não se refere a isso, mas sim sobre a dualidade entre bem e mal, herói e vilão e como o menor detalhe pode fazer ambos se confundirem. 

- Malévola (Maleficent), de Robert Stromberg, EUA, Inglaterra, 2014.


Bom pessoal, espero que tenham gostado e até o próximo post!




CRÉDITOS DE MATÉRIA: ESPECTADOR VORAZ
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